quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Comunicado ao povo de Itabira, MG, Brasil, sobre o despejo do bairro “Carlos Drummond” e sobre as mentiras do Governo de João Izael


No dia 2 de agosto de 2011, foi cumprida pela Polícia Militar a ordem de despejo com a destruição de cerca de 300 casas do bairro “Carlos Drummond”. Foram anos de luta e mobilização para tentar assegurar o direito à moradia das centenas de famílias que ali viviam. Infelizmente, prevaleceu a insensibilidade e a omissão do Governo Municipal que, em sintonia com o Judiciário, Ministério Público e PM, garantiram a reintegração de posse em favor dos herdeiros da família Rosa que nunca deram nenhuma destinação ao terreno que tinha dívida milionária de IPTU. Esse despejo ficará marcado como a maior vergonha da história de Itabira.

Passado o primeiro momento de dor e sofrimento pela destruição de nossas casas, é preciso esclarecer algumas questões para o povo itabirano.

O Governo de Itabira mentiu para a população ao dizer em nota e pela imprensa que as propostas apresentadas à comunidade foram rejeitadas pela representação dos moradores do “Drummond”. A Associação Comunitária chegou a protocolar um ofício na Câmara Municipal, no dia 03 de junho, para formalizar que aceitava a proposta de “doação de terreno” e “material de construção” para o reassentamento das famílias. Tal fato chegou a ser noticiado pelo jornal “Diário de Itabira” (edição do dia 04 de junho) e por outros veículos de comunicação. A Prefeitura jamais informou qual seria o terreno a ser doado e quando isso ocorreria. Mesmo assim, de maneira covarde, o Governo João Izael repassou à população e à imprensa a informação de que “as propostas não foram aceitas”, colocando nos moradores a culpa pela própria desgraça. Um Governo que mente descaradamente dessa forma não merece a confiança da população.

A Associação de Moradores, as Brigadas Populares, a Diocese de Itabira e todos os apoiadores do bairro “Drummond” tem a consciência tranqüila de que fizeram o possível e o impossível para impedir o triste desfecho do caso “Drummond”. Hoje as famílias estão sobrevivendo de modo desumano e indigno, seja nos abrigos precários improvisados às pressas pela Prefeitura, seja morando de favor em cômodos cedidos, sob o veneno do aluguel ou, ainda, desesperados com seus filhos em outro lugar qualquer.

Para assegurar a dignidade dessas famílias, continuaremos de pé, mobilizados em luta, pressionando para que os compromissos assumidos pelo Prefeito sejam efetivamente cumpridos. Não mais aceitaremos promessas vazias daquele que um dia disse que cortaria o próprio dedo para impedir o sofrimento dos moradores do bairro “Drummond”.  Dessa forma, vamos manter o acampamento na porta da Prefeitura até que seja judicialmente formalizado um acordo entre os sem-teto e o Governo Municipal. Estamos no nosso livre direito de expressão e manifestação pacífica, sem atrapalhar em momento algum a prestação dos serviços municipais aos cidadãos de Itabira. Denunciamos a conduta irresponsável e imoral da Prefeitura de ameaçar as famílias do “Drummond” dizendo que irão perder qualquer benefício, inclusive a vaga nos abrigos se forem ao acampamento na porta do Prefeito. Não vamos tolerar esse tipo de ameaça e perseguição política mesquinha que não é digna de um Governo que se preze ao respeito. Lutar por direitos não é crime! E continuaremos lutando para que a Justiça prevaleça sobre a ambição dos poderosos que nos arrancaram dos nossos lares.

Na próxima sexta feira (dia 05/08/2011), estaremos nas ruas da cidade, protestando mais uma vez por nossos direitos e para sermos recebidos pelo Prefeito. Esperamos que haja por parte do Governo uma mudança de postura, sem falsas promessas, mentiras e difamações, para que seja possível construir uma negociação séria e responsável, que tenha em vista o direito de centenas de famílias que foram humilhadas, mas que jamais irão desistir de lutar por sua dignidade.

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