Nove políticos foram presos nesta terça-feira (19) na cidade mineira pela Polícia Civil por desvio de dinheiro público e uso irregular de verba indenizatória; moradores fazem manifestação em frente à Camara em apoio à decisão
Luciano Moura Agência BOM DIA
Os nove vereadores eleitos de Fronteira (MG), cidade a 69 quilômetros de Rio Preto, foram presos ontem pela Polícia Civil, acusados de desvio de dinheiro público e uso irregular de verba indenizatória.
São eles Maurílio Carlos de Toledo (PSDB), Raidar Mamed (PSDC), Sileide Nunes do Nascimento Faitaroni (PP), João Veraldi Júnior (PDT), Nildomar Lázaro da Silva (PR), José Marcelo Soares dos Santos (PDT), Eduardo Florêncio de Souza (PMDB), Daniel dos Reis Linhares Pontes (PMV) e Samer Saroute (PMV).
“A polícia fez a ação de forma tranquila e sem nenhuma objeção por parte dos vereadores. Todos aceitaram [a prisão] pacificamente”, disse o delegado regional Hélio Lisse Júnior. A pequena cidade no Triângulo Mineiro, com pouco mais de 15 mil habitantes, não é mais a mesma. A prisão dos vereadores, que estão afastados dos cargos desde fevereiro por decisão judicial, foi o assunto de Fronteira nesta terça-feira (19).
Minutos depois da prisão, pelo menos 500 moradores da cidade fizeram manifestação, em frente à Câmara, posicionando-se a favor da decisão da Justiça. “Eles estavam torrando dinheiro público com valores absurdos com combustíveis, bebidas, contas de telefone e até internet na casa de um dos vereadores”, afirma a empresária Maria da Silva Flores, 43 anos.
Os vereadores vão ficar presos por tempo indeterminado no presídio de Frutal. Segundo o MP, eles ainda não perderam os cargos em definitivo.
O mandado de prisão preventiva foi expedido pela juíza substituta Raquel Agrelli, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Frutal – à qual Fronteira pertence –, atendendo pedido do Ministério Público por meio dos promotores Alam Baena Bertolia dos Santos, Renato Teixeira Rezende e Danisa Maria Biazevick.
O mandado de prisão preventiva foi expedido pela juíza substituta Raquel Agrelli, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Frutal – à qual Fronteira pertence –, atendendo pedido do Ministério Público por meio dos promotores Alam Baena Bertolia dos Santos, Renato Teixeira Rezende e Danisa Maria Biazevick.
Procurada pelo BOM DIA, por volta das 16h, a assessoria de imprensa da Câmara informou que não tinha um posicionamento oficial sobre o caso.
O BOM DIA apurou que os advogados dos vereadores Arnaldo Silva Júnior e Rodrigo Ribeiro Pereira entraram nesta terça-feira com pedido de habeas corpus. Eles não foram encontrados para comentar o caso.
O BOM DIA apurou que os advogados dos vereadores Arnaldo Silva Júnior e Rodrigo Ribeiro Pereira entraram nesta terça-feira com pedido de habeas corpus. Eles não foram encontrados para comentar o caso.
Investigações
O uso indevido de dinheiro público, de acordo com as investigações, teria sido entre janeiro de 2009 e dezembro de 2010. Em fevereiro, os vereadores foram processados pelos crimes de formação de quadrilha, peculato (desvio de verba pública) e por atos de improbidade relacionados ao enriquecimento ilícito.
Ainda de acordo com as investigações, em março, o MP descobriu que em janeiro, os políticos teriam contratado a empresa Minas Controladoria e Assessoria Contábil Ltda, por meio da Câmara, para auxiliar na defesa deles. O MP pediu bloqueio dos bens dos nove. Caso sejam condenados, eles poderão ter de ressarcir toda a quantia desviada dos cofres públicos estimada em R$ 570 mil.
Os nove vereadores de Fronteira (MG), presos ontem pela Polícia Civil, recebiam salário de R$ 3,5 mil para participar de apenas uma reunião por mês. A média de verba “extra” era em média R$ 3 mil mensais.
Combustível daria para dar 42 voltas ao mundo
Os nove vereadores de Fronteira presos ontem pela Polícia Civil justificaram por meio de notas fiscais apresentadas à Câmara que gastaram R$ 441 mil de combustível para receber verba indenizatória dos cofres públicos. De acordo com o Ministério Público, só de janeiro de 2009 a dezembro de 2010, os políticos justificaram o consumo de 169,6 mil litros de combustível.
Levando-se em conta que cada carro consuma em média um litro de combustível a cada 10 quilômetros rodados, a quantia daria para percorrer é de quase 1,7 milhões de quilômetros nesses 24 meses. Considerando que a distância de todo o percurso ao redor da Terra, na linha do Equador, é de 40 mil quilômetros, os gastos dos políticos de Fronteira com combustível seriam suficientes para dar 42 voltas de carro ao redor do planeta.
“Além do alto salário que eles recebem, gastavam com rodadas de chope e rodízios em churrascarias. É uma vergonha para a política de Fronteira e para o Brasil”, afirma o aposentado Luiz Santana, 67, morador da cidade.
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