Desabafo de um ferrense ausente
Atendendo ao pedido de um ferrense ausente, que pediu para que seu nome não fosse divulgado, publicamos abaixo a sua nota de desabafo:
“Diante de todo este alvoroço envolvendo a realização da 41° Festa do Ferrense Ausente, me veio a cabeça lembranças da novela e hoje filme “O BEM AMADO”. Escrito pelo ilustre autor e escritor DIAS GOMES em 1973, a dramaturgia se passava em um longínquo povoado do agreste brasileiro e relatava a saga de um prefeito que tinha como objetivo a construção e inauguração do cemitério municipal. Para tal, a autoridade maior do município, canalizava todos os recursos disponíveis no município passando por cima de tudo e todos para alcançar o tão almejado sonho.
Bem, cemitério nós já temos. Malcuidado, caindo aos pedaços, mas está lá, cumprindo seu papel de lugar calmo e seguro onde repousam tranquilos nossos entes queridos e ferrenses ausentes que hoje se estivessem entre nós certamente engrossariam o coro de tristeza com o descaso e a falta de consideração aos quais são tratados os filhos desta tão querida cidade.
Como mais um Ferrense Ausente, não compartilho com alguns a indignação pela programação de shows contratados para “abrilhantar” a festa, mesmo porque considero ser este o menor dos problemas. Entendo que mudanças sócio-culturais são inevitáveis e a impiedosa ação do tempo nos faz esquecer e modificar vários conceitos. Más e a história? E as tradições? Estaríamos nós aptos a apagá-las?
Em um passado não muito distante, os Ferrenses Ausentes tinham a honra de receber em suas residências espalhadas pelas diversas cidades do país, uma carta convite ao qual a remetente “Prefeitura Municipal de São Pedro dos Ferros”, respeitosamente os “convocavam” a participar desta data comemorativa se juntando aos irmãos “Ferrenses Presentes” em uma só alegria. Era sim um simples convite, mas que enchia de orgulho a quem os recebia. Se retrocedermos um pouquinho mais no tempo iremos deparar com os inesquecíveis “FESTIVAIS DA CANÇÃO FERRENSES” onde se revelaram tantos talentos da terra e que por vezes e mais vezes nos enchiam de orgulho.
Tudo isso parece nostálgico, mas é apenas para lembrar o quão grande e valioso é o nosso berço cultural. E aí mais uma vez me pergunto. Por que se esforçar tanto para apagar tudo isso? Qual será a impressão da Sra. Marilene Guzella que demonstrando carinho e consideração imensurável a São Pedro dos Ferros escolhera esta cidade para lançamento de seu livro? Quantas memórias ainda ficarão? Por favor, senhores governantes, pensem!
Bom, diante de todos estes “porquês” prefiro acreditar que toda esta economia feita na realização da 41° Festa do Ferrense Ausente esteja vinculada à recuperação da nossa querida e sagrada Igreja Sagrado Coração “Igrejinha” que hoje se encontra em completo estado de abandono assim como o orgulho de todos nós, ferrenses ausentes.”
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